O impacto da síndrome do impostor no aprendizado da língua
Autora: Stefania Andreoli Rolo
Vocês já ouviram falar na síndrome do impostor? Para quem não conhece, trata-se de algo que acomete, em especial, pessoas bem-sucedidas que, por algum motivo, se sabotam. Como assim? Elas passam a acreditar que são uma fraude, que sua competência não passa de sorte e que as pessoas irão desmascará-las mais cedo ou mais tarde. Infelizmente, isso pode levar essas pessoas a crises de ansiedade e à depressão.
Mas o que isso tem a ver com o aprendizado da língua? Não é incomum encontrarmos professores-alunos, já em nível avançado, com a mesma queixa: “tenho tanto pra aprender que acho que nunca serei capaz”, “mais estudo, mais dúvidas tenho; como posso ensinar se não sei nem pra mim?”, “queria que minha aula fosse perfeita”, “queria conseguir usar com meus alunos tudo que sei”, “será que consigo mesmo ensinar o present perfect?”
Pois bem, o primeiro passo é a confiança em seu conhecimento, em todo o esforço que tem sido feito para chegar aonde chegou. Citando Sócrates, ‘só sei que nada sei’, e um dizer comum na língua inglesa, ‘ignorance is bliss ‘ (a ignorância é uma dádiva) pode-se dizer que, em relação ao aprendizado do idioma bem como o conhecimento dele acumulado e o ensinamento que passamos adiante a nossos alunos, quanto mais aprendemos, mais nos questionamos. O segredo, se é que podemos assim chamar, é usar os questionamentos para nos guiar cada vez mais para práticas que nos ajudam a aprender o que queremos e a ensinar da melhor maneira que julgarmos possível, sem que nos culpemos por possíveis deficiências ou nos deixemos levar pela crença de que não somos capazes.
Que possamos usar a crença de que não sabemos o suficiente para sempre buscarmos o nosso melhor e não para nos sentirmos piores. Afinal, quem acredita já ter todo conhecimento em suas mãos, não se abre para mais possibilidades de aprendizado. E como disse Michelangelo no auge dos seus 80 anos, ‘eu ainda estou aprendendo’.